Quem costuma ir à farmácia comprar um remédio para aliviar o mal-estar ou qualquer dor rotineira deve tomar cuidado para não ficar pior e prejudicar a saúde. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), todo ano cerca de 20 mil pessoas morrem no país, vítimas da automedicação. A maior incidência de problemas relacionados à prática está ligada à intoxicação e às reações de hipersensibilidade ou alergia.
Muito comum entre os idosos, o hábito de se automedicar representa um risco iminente à saúde. Em geral, eles já apresentam doenças crônicas e fazem o uso de medicamentos recomendados pelos médicos. Ao usar outros remédios, eles podem desestabilizar os tratamentos a que vêm sendo submetidos, assim como provocar uma intoxicação.
Segundo pesquisa realizada pela Secretaria Especial da Terceira Idade do Rio de Janeiro, das 2.019 pessoas entrevistadas, acima de 60 anos, 44% delas admitiram que usam medicamentos sem prescrição médica.
Marianela Flores Hekman
Exames mostram que Milosevic tomou remédio errado antes da morte
Por Nicola Leske
HAIA, Holanda (Reuters) – Exames de sangue mostraram que Slobodan Milosevic tomou medicamentos que pioraram seu estado de saúde antes de morrer na cela em que estava detido, em Haia, afirmou nesta segunda-feira um especialista holandês.
O toxicologista Donald Uges, da Universidade Groningen, disse à Reuters que Milosevic, cujo corpo estava sendo liberado para ser entregue aos familiares dele, tomou as drogas para conseguir autorização para viajar à Rússia, onde vivem sua mulher e filho.
Um relatório preliminar da autópsia, divulgado no domingo, mostrou que Milosevic, 64, morreu em virtude de um ataque cardíaco. Mas ainda estavam sendo realizados testes toxicológicos para determinar a causa desse ataque.
Uges disse que os testes feitos por ele duas semanas atrás com sangue de Milosevic identificaram traços de rifampicina — um remédio contra lepra e tuberculose que teria cortado o efeito de outros medicamentos.
“Não acredito que ele tenha tomado esses remédios para se matar. Ele queria apenas viajar para Moscou, onde estão seus amigos e seus familiares. Acho que essa era sua última chance de escapar de Haia”, afirmou Uges. “Tenho certeza de que não se tratou de um assassinato.”
No mês passado, o tribunal da cidade holandesa rejeitou o pedido de Milosevic — apelidado de “o açougueiro dos Bálcãs” devido aos conflitos dos anos 90 — para viajar até Moscou a fim de receber tratamento médico.
A mulher dele, o irmão e o filho vivem na Rússia.
Uma sentença sobre o ex-presidente deveria ser divulgada dentro de alguns meses.
O advogado do réu disse que o funeral dele deve ser realizado em Belgrado e que Marko, filho de Milosevic, deve retirar o corpo dele na segunda ou na terça-feira. A mulher do ex-presidente corre o risco de ser detida se regressar para a Sérvia.
A autópsia do corpo de Milosevic, que enfrentava problemas de coração e tinha pressão alta, foi realizada por médicos holandeses e acompanhada por patologistas sérvios.
Uma porta-voz do tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou ser cedo demais para dizer se o ataque cardíaco poderia ter sido provocado pelo envenenamento ou se a hipótese de suicídio estava descartada.
Na semana passada, o ex-líder servo-croata Milan Babic matou-se no mesmo centro de detenção.
Milosevic, encontrado morto na cama de sua cela no sábado, poderia ser condenado à prisão perpétua ao final do processo em que enfrentava 66 acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra ocorridos durante os conflitos na Bósnia, na Croácia e em Kosovo.
TESTES DE TOXICOLOGIA
Segundo o tribunal da ONU, patologistas disseram que Milosevic morreu devido a um “enfarte no miocárdio” condizente com o problema cardíaco que apresentava.
Um enfarte do tipo é geralmente provocado pelo bloqueio de uma das artérias coronárias que levam sangue ao coração.
Os cardiologistas encarregados de tratar de Milosevic advertiram que ele poderia apresentar episódios de hipertensão, quando a pressão sanguínea sobe muito podendo causar danos ao coração, aos rins e ao sistema nervoso central.
O advogado de Milosevic disse no domingo que seu cliente tinha, um dia antes de morrer, escrito para a Rússia pedindo ajuda, pois acreditava estar recebendo os remédios errados — entre os quais medicamentos para lepra e a tuberculose — a fim de silenciá-lo.
A chancelaria russa afirmou na segunda-feira ter recebido a carta e disse que Borislav, irmão de Milosevic e ex-embaixador da Iugoslávia em Moscou, tinha pedido a um grupo de médicos russos que voasse até Haia a fim de participar da autópsia.
SEM HONRAS OFICIAIS
Mira Markovic, mulher de Milosevic, visitou-o no centro de detenção até 2003, quando fugiu da Sérvia para a Rússia a fim de evitar ser detida sob a acusação de abuso de poder.
Segundo meios de comunicação sérvios, Marko, filho do ex-presidente, e Marija, filha dele, não tinham chegado a um acordo sobre onde Milosevic deveria ser enterrado.
Markovic e Marko desejam que o ex-presidente seja sepultado em Moscou. Marija mora em Montenegro, de onde vieram os pais de Milosevic.
Um porta-voz da embaixada holandesa em Moscou afirmou não ter recebido nenhum pedido de visto para Markovic.
O presidente sérvio, Boris Tadic, disse que Milosevic não deve receber um sepultamento oficial e que ele não concederia uma anistia a Markovic.
O governo sérvio, que deseja ingressar na União Européia (UE), está sob pressão para prender seis acusados de crimes de guerra ainda foragidos, entre os quais o ex-líder dos sérvios na Bósnia Radovan Karadzic e Ratko Mladic, comandante militar dele.
Além de uma vigília realizada por cerca de cem pessoas em apoio a Milosevic na ex-sede do partido dele, em Belgrado, no sábado, poucos na Sérvia mostraram ter ficado emocionados com a morte do dirigente, no poder de 1990 a 2000.
De outro lado, centenas de pessoas colocaram coroas de flor no túmulo do presidente reformista Zoran Djindjic, que tirou Milosevic do poder e que foi assassinado três anos atrás.
(Com reportagem adicional de Alexandra Hudson em Amsterdã
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